5.6.12

Toque

"Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não."
- Manuel Bandeira

Espero-te como o tempo espera a ação
Inócuo e intrépido o tempo espera, assim
Espero-te como o dia espera a noite
E, sem esperança, o dia espera por mim

Eu ardo em chamas como arde uma fogueira
Que, de manhã, só sabe à brasas e fumaça
Eu ando só e ando sempre derradeira
Eu ando triste porque sei que a vida é rasa

A vida, inerte, cabe em si, mas não no mundo
A minha, ao menos, cabe em versos e palavras
Eu deito, enfim, no escasso fim de um mar profundo
Eu choro mar, respiro céu, não digo nada

Tu vens, enfim, tirar de mim algum sorriso
Sorrio então, como que em abreviação
Esqueces tudo e sabes lá o que de mim
Mas vais lembrar e eu, enfim, vou dizer não.



2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Como palavras sutis podem definir de uma forma tão forte um estado espiritual tão vasto? Ricos pensamentos e ricas emoções. Mais uma vez admirado pelo texto

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é.