18.10.10

Ser só

I.
Errante, sondava as faces indóceis
dos corpos mil que não eram teus
O carater invasivo do som nauseante
de passos constantes, que não eram teus
Os sibilos alegres que entoavam amar-me
em acordes abstratos e canticos caricatos,
em oitavas imóveis e cirandas ignóbeis
em harmônicos pedintes e cantigas cortantes;
de lábios marcantes
que não eram teus.


II.
Meus, pois, são os lábios que calam teu limbo
e beijam teu corpo em pacto zodiacal com o firmamento
os passos malandros que me denunciam vassalo
e arrancam-te da rotina insondável de serdes mulher.
E os dedos que te desenham todas as formas,
esses só poderiam ser meus, uma vez que só eu
conheço o total das tuas formas e das tuas morfoses;
eu conheço tuas frontes, teus versos, tuas prosas.
Pois guardo-te em mim com prumas e pompas
Na rotina insondável
de sermos um só.