Ouro, prata, preto
Pedra, pau e pão
Tudo o que nos resta
Em vão.
Fogo, toco, pouco
É muito e é normal
O abismo coletivo
Desigual.
O dom, o som do bom
Tudo num segundo
Todos e ninguém
No mundo.
Todas as correntes
Tudo o que seduz
Tudo o que é ausente
Da luz.
30.7.12
28.7.12
O Espetacular Circo da Vida & cia limitada
Esguios saltimbancos
Esquivam-se do azar
Palhaços gargalhando
Rindo pra não chorar
Senis malabaristas
Acordam pra dormir
Meninos trapezistas
Vivendo pra sorrir
Filhos na corda bamba
Não sabem pr'onde vão
Cadentes como o samba
Ardentes qual carvão
Amantes acrobatas
Sujeitam-se ao que for
Pulando empoleirados
Caídos de amor
Na pontinha dos pés
Pra ninguém acordar
Dançam as bailarinas
Pra dança não calar
Mães contorcionistas
Pais atrapalhados
Se doem pelas vidas
De seus recém-chegados
Os mágicos sumiram
Os bichos se mandaram
Restou ao nosso circo
Um público frustrado
E quando chega o fim
Parece até normal
Uma piada ruim
Sem riso no final
À noite a gente dorme
Pra mais um sol nascer
No circo dessa vida,
Vivemos pra morrer.
Esquivam-se do azar
Palhaços gargalhando
Rindo pra não chorar
Senis malabaristas
Acordam pra dormir
Meninos trapezistas
Vivendo pra sorrir
Filhos na corda bamba
Não sabem pr'onde vão
Cadentes como o samba
Ardentes qual carvão
Amantes acrobatas
Sujeitam-se ao que for
Pulando empoleirados
Caídos de amor
Na pontinha dos pés
Pra ninguém acordar
Dançam as bailarinas
Pra dança não calar
Mães contorcionistas
Pais atrapalhados
Se doem pelas vidas
De seus recém-chegados
Os mágicos sumiram
Os bichos se mandaram
Restou ao nosso circo
Um público frustrado
E quando chega o fim
Parece até normal
Uma piada ruim
Sem riso no final
À noite a gente dorme
Pra mais um sol nascer
No circo dessa vida,
Vivemos pra morrer.
23.7.12
05:01
As horas me atropelaram
Acordes se desfizeram
Cachorros me perturbaram
E eu ainda não dormi
Os sonhos já me chamaram
Meus olhos se reviraram
Meus lábios já se calaram
E eu ainda estou aqui
O vento varreu Lá Fora
Uivando de hora em hora
Lembrando-me o aqui-agora
Que eu ainda não vivi
Pensei em tudo do mundo
Em e cada gota e segundo
E em todo o amor profundo
Que eu nunca hei de sentir
Acordes se desfizeram
Cachorros me perturbaram
E eu ainda não dormi
Os sonhos já me chamaram
Meus olhos se reviraram
Meus lábios já se calaram
E eu ainda estou aqui
O vento varreu Lá Fora
Uivando de hora em hora
Lembrando-me o aqui-agora
Que eu ainda não vivi
Pensei em tudo do mundo
Em e cada gota e segundo
E em todo o amor profundo
Que eu nunca hei de sentir
16.7.12
Mudez
Queria dizer saudade
Mas disse de tudo um pouco
Não disse o que na verdade
Lotava-me os versos roucos
Queria dizer adeus
Mas disse o que não devia
Olhei para os olhos teus
E disse que ficaria
Queria ter dito tudo
No fundo não disse nada
Jurei-lhe o melhor do mundo
E fui-me, sempre calada
Queria querer dizer
De fato, jamais o quis
Querer-te foi um prazer
Mas nunca me fez feliz
Mas disse de tudo um pouco
Não disse o que na verdade
Lotava-me os versos roucos
Queria dizer adeus
Mas disse o que não devia
Olhei para os olhos teus
E disse que ficaria
Queria ter dito tudo
No fundo não disse nada
Jurei-lhe o melhor do mundo
E fui-me, sempre calada
Queria querer dizer
De fato, jamais o quis
Querer-te foi um prazer
Mas nunca me fez feliz
14.7.12
Então
Como se nada houvesse acontecido
Como se tudo não tivesse passado
Os meus argumentos já foram vencidos
E os sonhos que eu tive já foram roubados
Assim vivo eu como quem sente nada
E assim eu me venço por todos os dias
O assim de passar uma vida passada
O então de viver uma história vencida
Já então sem razão eu não clamo por nada
E assim me carece o então dessa vida
Eu me logro a cantar as ideias erradas
Me ponho a rezar pelo fim desses dias
Laço de Fita
Abre a janela e vem ver o sol
Vem ver os pingos e as cores
As pregas das saias das nuvens
Vem junto comigo pro céu
Se empilha comigo nesse beiral
Que estamos na beira da praia
Estamos em qualquer lugar
Vem junto comigo pro mar
Desce do salto, vamos brincar
Vamos dançar um baião
Corre, ninguém vai saber
Vem junto comigo pro chão
Vem ver os pingos e as cores
As pregas das saias das nuvens
Vem junto comigo pro céu
Se empilha comigo nesse beiral
Que estamos na beira da praia
Estamos em qualquer lugar
Vem junto comigo pro mar
Desce do salto, vamos brincar
Vamos dançar um baião
Corre, ninguém vai saber
Vem junto comigo pro chão
12.7.12
Primavera
Eu vou chegar
Qual a estrela da manhã
Não vais nem assinalar
Amanhã eu vou chegar
Eu vou voltar
Põe a mesa, arruma a cama
Se prepara devagar
Raia o dia, eu vou voltar
Não vais saber
Nunca vais nem suspeitar
Que um dia eu fui embora
Por não te querer amar
Não vem dizer
Que contigo eu fui ruim
Pois se logo quis partir
É por não cuidares de mim
Eu sou só uma
Nunca fui sua boneca
Nunca quis de forma alguma
Te deixar me governar
Mas dessa vez
Vou voltar devagarinho
Te sugiro mais carinho
E mais noites de luar
Qual a estrela da manhã
Não vais nem assinalar
Amanhã eu vou chegar
Eu vou voltar
Põe a mesa, arruma a cama
Se prepara devagar
Raia o dia, eu vou voltar
Não vais saber
Nunca vais nem suspeitar
Que um dia eu fui embora
Por não te querer amar
Não vem dizer
Que contigo eu fui ruim
Pois se logo quis partir
É por não cuidares de mim
Eu sou só uma
Nunca fui sua boneca
Nunca quis de forma alguma
Te deixar me governar
Mas dessa vez
Vou voltar devagarinho
Te sugiro mais carinho
E mais noites de luar
5.7.12
Flores Rotas
Belas, singelas, magrelas
Aquelas eternas meninas
Brincam, suplicam, dedicam
Anseiam por vidas mais ternas
Lhanas, profanas, ciganas
Fulanas alegres sem dono
Andam, cirandam, se enganam
Se engraçam pra vida da noite
Tristes, silentes, doentes
Pedintes de todos os dias
Destroem-se, doem-se, correm
Corroem-se por mais um trocado
Aquelas eternas meninas
Brincam, suplicam, dedicam
Anseiam por vidas mais ternas
Lhanas, profanas, ciganas
Fulanas alegres sem dono
Andam, cirandam, se enganam
Se engraçam pra vida da noite
Tristes, silentes, doentes
Pedintes de todos os dias
Destroem-se, doem-se, correm
Corroem-se por mais um trocado
3.7.12
Janela Secreta
Pulou de dente em dente
Veio de fio em fio
Nadou contra a corrente
Do meu infinito rio
Cativo dos meus sorrisos
Saudoso dos meus cabelos
Chegou sem dizer aviso
A fim de findar-me o gelo
E foi por tanta insistência
Que por uma brecha de olhar
Por mais que gritasse ausência
Não fiz-me capaz de ocultar
Entendendo-me sem medo
Vasculhando sem alerta
Entrou por entre os remendos
Da minha janela secreta
Veio de fio em fio
Nadou contra a corrente
Do meu infinito rio
Cativo dos meus sorrisos
Saudoso dos meus cabelos
Chegou sem dizer aviso
A fim de findar-me o gelo
E foi por tanta insistência
Que por uma brecha de olhar
Por mais que gritasse ausência
Não fiz-me capaz de ocultar
Entendendo-me sem medo
Vasculhando sem alerta
Entrou por entre os remendos
Da minha janela secreta
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