18.1.13

Fumaça Pouca

Fora rápido e viscoso
Qual o limo da manhã
Fora o inevitável imã
Foi-se só e foi-se todo

Fora a lágrima do dia
Que em telhados a dançar
Foi-se embora sem pensar
Pelo sol que lhe assistia

Em percalços de prazer
Foram risos de alegria
Que os fizeram anoitecer

Foram sós a fim de ser
Foi-se, enfim, melancolia
E apagaram-se pra arder

8.1.13

Todo

Quem me dera agora
Um pedaço de aurora
Pra chamar de meu

Quem me dera agora
Gris e sem demora
Um pedaço de céu

Quem me dera ver-te
Feito em filme antigo
Preta, branca e muda
Com final escrito

Só queria ter-te
Qual me tens de todo
Qual me sabes certo
Pra acender teu fogo

Mas aqui e agora
Na minha demora
O céu traz a aurora
Com final escrito

Preta e branca história
Arde no teu fogo
Certamente exato
Pra me teres, todo

2.1.13

Ninar

Calma, agora, menina
Dorme junto com a lua
Esquece o choro da rua
Brinca de ser mulher

Seca o pranto, menina
Deita teu corpo nas nuvens
Pede às estrelas que inundem
O céu de tanto brilhar

Deixa o mundo, pequena
Dança balé no teu sonho
Esquece os teus desenganos
Lembra de mim quando der

Fecha os olhos, menina
E não me vê indo embora
Deixando a certeza que agora
Teu sono é só teu pra ninar

Desencontro

Será que esses dias não passam de ser
Se ontem era bom, e hoje nem sei
Se ora sou eu e ora não sou ninguem
Se eu te encontrei, me perdi e me achei

Nas idas e vindas dos nossos momentos
Perdi muito mais do que a fome de estar
No ventre vazio dos meus sentimentos
Perdi o que tinha, querendo ganhar

Nas noites, ao longe, eu te via dormir
E longe, eu queria estar lá pra acordar
Queria estar perto e não ver-te partir
Queria poder não deixar-te passar

Mas a vida é curta, louca e intermitente
E a gente se perde antes de se encontrar
E às vezes a gente se encontra e nem sente
E perde pra sempre a vontade de achar