26.12.12

De pés bem varridos e outras coisas mais

Não pense que um dia eu saí
Sorrindo sem quê por você.
Não é porque quero-te aqui,
Que podes vir quando quiser.
Não é porque a falta me faz
De boba e do que lhe calhar,
Que podes chegar feito onda
E levar minhas conchas pro mar.
Meus dias são poucos e meus.
E tens de mim, poucos e bons.
E, desses nossos dias, há céus,
Manhãs e manchas de batom.
Não trate-me feito boneca,
Mas cuide de mim como tal.
E um dia eu talvez seja dessas
Meninas que gostam do igual.
Se fosses de mim o melhor,
Serias ainda ruim.
E os restos do que foi um só
Seriam, pois, restos ao fim.
Não ligo, não quero dizer;
Não quero matar nem morrer;
Tentar e perder, a mercê;
Se for por você,
Não serve pra mim.

17.12.12

Ver-te

Quantos braços e abraços
Quantas pernas e penas
Tantas léguas de passos
Tantos quase poemas
Risos meio fingidos
Que eu cansei de te dar
Dos meus olhos fugidos
Tão cansados de olhar
E esse nariz torcido
Que eu já sei contornar
E esse jogo no escuro
Que eu te deixo ganhar
Só pra ver-te sorrir
Só pra ver-te brincar
Só pra ver-te dormir
Só pra ver-te.