A fuligem esparsa escapa entre os dedos
E o dia ainda dorme cantando sem som
Procuro no mar, na soleira e no vento
As cinzas que ainda se deitam no chão
Esboço um sorriso e viro silêncio
Com a calma inexata da exatidão
A noite me embala em balada de anseio
E nina a insônia com triste canção
Perscruta-me a fala e a falta de apreço
E se endorme nos braços dos sonhos sem luz
Não esquece, não dói e não faz-se segredo
O réu que em mim já não acha juiz
Do encontro funesto entre verbo e sujeito
Derradeira e travessa se faz a acção
Sem fala, sem rima e sem aproveito
Se espalha tal qual as cinzas pelo chão
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é.